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Biometria para acesso a benefícios sociais: o que muda com a nova lei

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Autor:
Redação Valid
Data de Publicação:

A partir de 2025, o acesso a benefícios sociais no Brasil passará a contar com identificação biométrica obrigatória. O objetivo central da medida, regulamentada pela Lei nº 15.077/2024, é atender a população de forma mais conveniente, evitando fraudes e melhorando a gestão pública. 

Em outras palavras, a ideia é que os cidadãos tenham um atendimento mais fácil e ágil, enquanto o governo ganha ferramentas para garantir que os benefícios cheguem a quem realmente tem direito, reduzindo desvios e duplicidades.

Neste artigo, explicamos como funciona a biometria, o que a lei prevê e quais são os benefícios práticos para a população e para o governo.

O que é biometria e como ela pode ser usada para acessar benefícios sociais

Em termos simples, essa tecnologia usa partes do corpo (como digitais, face, íris dos olhos, entre outros) ou padrões comportamentais para confirmar a identidade de uma pessoa no acesso a determinados produtos e serviços. Na prática, ela funciona como uma senha pessoal que traz mais segurança. 

Diferentes versões dessa tecnologia já estão presentes no nosso dia a dia em diversos contextos. No setor público, a biometria vem sendo usada, por exemplo, pela Justiça Eleitoral para confirmar a identidade de eleitores no momento da votação.

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O que diz a nova lei sobre biometria obrigatória

A Lei nº 15.077/2024 determinou a obrigatoriedade do cadastro biométrico para concessão, renovação e manutenção dos benefícios da seguridade social.

Isso inclui benefícios assistenciais, trabalhistas e previdenciários, como aposentadorias, pensões, Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS) etc., bem como programas de transferência de renda como o Bolsa Família e serviços como o Farmácia Popular.

O decreto 12.561/2025 regulamenta essa lei e detalha como a biometria será utilizada na prática:

  • O cadastro biométrico será gradual, começando pelos novos beneficiários.

  • Idosos com mais de 80 anos e pessoas com mobilidade reduzida não terão obrigatoriedade de registro.

  • As bases já existentes de biometria (CNH, Justiça Eleitoral, Polícia Federal, RG e CIN). Hoje, mais de 150 milhões de brasileiros já tem algum registro biométrico armazenado nestas bases.

  • Quem já possui biometria cadastrada em algum documento oficial provavelmente não precisará refazer o registro.

Por que essa mudança?

O histórico dos programas sociais mostra que ainda existem vulnerabilidades no sistema, o que abre espaço para irregularidades. Em alguns casos, benefícios acabam sendo direcionados a pessoas que não se enquadram nos critérios ou até mesmo a cadastros inexistentes.

Entre janeiro de 2023 e outubro de 2024, o governo identificou aproximadamente 3,7 milhões de inconsistências em registros de benefícios, como CPFs falsos e perfis fora da faixa de renda recebendo auxílios.

Mais recentemente, uma investigação exibida pelo Fantástico revelou a atuação de uma quadrilha que explorava pessoas em situação de vulnerabilidade para fraudar sistemas de reconhecimento facial e desviar benefícios sociais.

O episódio, apelidado de caso dos “rostos virgens”, reforça a importância de mecanismos mais robustos de identificação para proteger tanto os programas quanto os cidadãos que deles dependem.

A adoção da biometria neste contexto é uma tentativa de fechar essas brechas. Com a identificação por digital ou face, fica mais difícil alguém se passar por outra pessoa ou receber duas vezes o mesmo benefício, aumentando a segurança tanto para o governo quanto para o próprio usuário do programa.

Além disso, a medida traz ganhos de conveniência e modernização. O decreto deixa claro que a biometria permitirá atender as pessoas “em diversos canais e sem renunciar à segurança”. Ou seja, abre caminho para que o cidadão possa acessar seus benefícios em locais mais próximos de sua casa ou até por meios 100% digitais no futuro, sem precisar enfrentar deslocamentos longos apenas para provar que tem direito, tudo isso mantendo a autenticidade da transação.

Como a autenticação será feita na prática?

Para tornar isso possível, o governo está implementando uma Infraestrutura Pública Digital (IDP, ou DPI, na sigla em inglês) de Identificação Civil, uma plataforma integrada que unirá os dados da Carteira de Identidade Nacional (CIN) com a identidade digital da conta gov.br

Assim, quando uma pessoa for se autenticar para receber um benefício, bastará que seu dado biométrico (a digital ou o rosto) seja conferido nessa base unificada, confirmando instantaneamente sua identidade. 

A gestão dessa base biométrica ficará a cargo do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), que se compromete a disponibilizar essa base para consulta dos diversos órgãos e gestões

Ou seja, em vez de cada órgão ter sua própria base de impressões digitais, haverá uma única infraestrutura nacional em que qualquer órgão público pode consultar para confirmar a identidade de uma pessoa.

Isso traz padronização e reduz erros, além de evitar que o cidadão tenha que refazer cadastros biométricos em cada lugar

Benefícios para os cidadãos

A exigência da biometria traz ganhos diretos para quem recebe benefícios:

  • Mais segurança: evita fraudes e garante que o dinheiro chegue apenas a quem tem direito.

  • Conveniência: dispensa documentos e senhas, com autenticação rápida em poucos segundos.

  • Agilidade: menos filas e atendimentos mais rápidos.

  • Inclusão: cidadãos em áreas remotas terão pontos de atendimento mais próximos, com apoio da Caixa Econômica e dos CRAS.

Benefícios para o governo e para a sociedade

Além de facilitar a vida do cidadão, a biometria também traz ganhos estruturais para o setor público:

  • Redução de fraudes e desperdícios: só em 2023 e 2024 foram identificadas mais de 3,7 milhões de irregularidades em cadastros de benefícios.

  • Economia de recursos: com menos pagamentos indevidos, mais orçamento fica disponível para ampliar programas sociais. Uma experiência internacional ilustra o potencial: na Índia, antes de implementar a identificação biométrica nos seus programas, estimava-se um prejuízo de cerca de US$ 3 bilhões por ano em fraudes e pagamentos indevidos nas políticas de subsídios e benefícios. Grande parte desse problema era devido a registros duplicados e pessoas recebendo ajuda sem ter direito, inclusive com cartões de benefícios roubados ou compartilhados

  • Justiça social e inclusão: aumento da segurança melhora a credibilidade dos programas e libera orçamento para ampliar o atendimento às famílias que realmente necessitam.

  • Eficiência administrativa: os sistemas passam a conversar entre si, reduzindo retrabalho e integrando cadastros. O decreto ressalta que a falta de integração entre cadastros gerava vulnerabilidades propícias a fraudes e dificultava a fiscalização dos recursos. Agora, espera-se melhor alocação de recursos para atender mais famílias .

  • Gestão baseada em dados: a unificação permite monitoramento em tempo real e formulação de políticas públicas mais precisas. A iniciativa está inserida em uma agenda maior de transformação digital do Estado, onde dados são tratados como ativo estratégico para formulação de políticas públicas mais eficazes. Conhecendo melhor o cidadão (por meio de cadastros unificados e atualizados), o governo consegue personalizar serviços e desenhar programas sociais sob medida para as necessidades reais da população.

O que vem pela frente: interoperabilidade de dados

A biometria é apenas o primeiro passo de um movimento maior de transformação digital do governo. O decreto que regulamenta a lei também aponta para a criação de uma infraestrutura de dados interoperável, em que diferentes órgãos poderão compartilhar informações de forma segura.

Isso significa que, no futuro, o cidadão poderá atualizar seus dados uma única vez, e essa informação estará disponível em todos os serviços públicos, sem a necessidade de repetir cadastros ou apresentar documentos em cada atendimento.

Para que tudo isso se torne realidade no dia a dia, é preciso contar com infraestruturas seguras, escaláveis e capazes de proteger as informações dos cidadãos. A Valid, líder em soluções de identificação segura no país, é a parceira estratégica para governos e instituições que desejam acelerar essa transformação. 

Afinal, se o futuro dos benefícios sociais passa pela identidade digital e pela integração inteligente de sistemas, ele certamente passa também pela Valid.

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