Nos últimos anos, o conceito de soberania digital ganhou destaque mundial como uma das respostas concretas à busca por maior controle, especialmente sobre dados governamentais. Trata-se de infraestruturas de computação em nuvem controladas pelo próprio país, garantindo que dados públicos sejam armazenados e processados sob as leis e governança locais.
Diferentemente de usar apenas nuvens comerciais de big techs, essa abordagem permite que os dados sensíveis do governo permaneçam sob jurisdição e controle nacionais, aumentando a autonomia e a segurança.
Em resumo, é uma nuvem configurada e operada para atender estritamente às leis e exigências de um país, geralmente gerida por órgãos públicos ou parceiros locais.
Nela, o Estado define as regras de segurança, privacidade e acesso aos dados, que ficam armazenados em território nacional sob jurisdição doméstica.
Diversos motivos levam governos a investir em nuvens soberanas:
O projeto europeu Gaia-X nasceu para reduzir a dependência das big techs e garantir que os dados europeus sejam tratados sob os valores e legislações locais, como o GDPR. Seu diferencial está em ser uma arquitetura federada, que não substitui os provedores existentes, mas estabelece padrões comuns de interoperabilidade, privacidade e segurança.
Os serviços que cumprem esses requisitos são listados em catálogos federados, dando transparência e confiança a governos e empresas. Com governança comunitária, que envolve órgãos públicos, empresas privadas e academia, o Gaia-X reforça a ideia de uma nuvem europeia baseada em padrões abertos, compliance verificável e valores de soberania digital.
Já na Índia, o programa MeghRaj foi criado como a nuvem governamental oficial para acelerar a digitalização do setor público. Ele oferece infraestrutura, plataformas e softwares como serviço para órgãos governamentais, permitindo padronizar o uso de nuvem, reduzir redundâncias e otimizar custos.
Seu grande diferencial é apoiar a entrega de serviços digitais de governo à população de forma mais rápida e eficiente, mantendo os dados dentro do território nacional sob a legislação indiana. Assim, o MeghRaj combina eficiência operacional com uma estratégia de soberania e localização de dados, pilares centrais para a autonomia digital do país.
No Brasil, a Nuvem de Governo federal está em implantação como parte da estratégia de transformação digital do Estado. Sob coordenação do Ministério da Gestão e Inovação (MGI), a infraestrutura está sendo desenvolvida por empresas públicas de TI, garantindo uma plataforma 100% nacional em datacenters públicos.
Com isso, dados de serviços e políticas públicas passam a ser guardados sob gestão do próprio Estado, dando mais autonomia e segurança ao país. A própria ministra Esther Dweck destacou que a iniciativa “fortalece a proteção contra ameaças cibernéticas e assegura que informações sensíveis permaneçam sob controle nacional”.
Uma característica do modelo brasileiro é a colaboração com grandes fornecedores, porém nos termos do governo. O modelo brasileiro inclusive aproveita tecnologias de AWS, Oracle, Google e Huawei instaladas dentro dos datacenters públicos, combinando soluções de classe mundial com operação sob controle local.
Essa parceria público-privada visa garantir o melhor de dois mundos: inovação e, ao mesmo tempo, pleno controle governamental do ambiente.
Há uma forte conexão entre nuvem soberana e outros pilares do governo digital, como identidade digital e interoperabilidade. Uma identidade digital unificada permite autenticar cidadãos com segurança, enquanto a nuvem soberana garante que os sistemas rodem em um ambiente confiável sob controle do Estado.
No Brasil, a nova Carteira de Identidade Nacional (CIN) e a Nuvem de Governo são tratadas como iniciativas gêmeas para reforçar a segurança e a proteção de dados públicos. Além disso, ao hospedar múltiplos sistemas na mesma infraestrutura, a nuvem soberana facilita a interoperabilidade entre órgãos, permitindo compartilhamento de informações e serviços integrados ao cidadão.
Mais do que um recurso tecnológico, essa combinação cria a base para um ecossistema de confiança: cidadãos com identidades verificáveis, dados governamentais armazenados de forma segura e órgãos públicos integrados em uma mesma arquitetura digital.
É esse alinhamento que transforma a nuvem soberana em um pilar estratégico da soberania digital, capaz de sustentar políticas públicas mais ágeis, inclusivas e transparentes.
A expansão das nuvens nacionais e soberanas reflete a necessidade de uma nova abordagem para a infraestrutura digital pública. Garantir a soberania digital tornou-se tão importante quanto proteger fronteiras físicas. Países que abraçam essa ideia tendem a ganhar mais independência tecnológica, segurança de dados e inovação, sem abrir mão da autonomia.
Essa jornada exige parcerias; empresas como a Valid, especializadas em identidade digital, interoperabilidade e segurança, podem ajudar a construir essa infraestrutura soberana com segurança e eficiência, permitindo que o governo mantenha controle dos seus dados e a tecnologia seja usada para fortalecer a sociedade.
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