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Como a adoção uma nuvem soberana nacional pode fortalecer a proteção de dados públicos

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Autor:
Redação Valid
Data de Publicação:

Nos últimos anos, o conceito de soberania digital ganhou destaque mundial como uma das respostas concretas à busca por maior controle, especialmente sobre dados governamentais. Trata-se de infraestruturas de computação em nuvem controladas pelo próprio país, garantindo que dados públicos sejam armazenados e processados sob as leis e governança locais.

Diferentemente de usar apenas nuvens comerciais de big techs, essa abordagem permite que os dados sensíveis do governo permaneçam sob jurisdição e controle nacionais, aumentando a autonomia e a segurança.

O que é uma nuvem soberana?

Em resumo, é uma nuvem configurada e operada para atender estritamente às leis e exigências de um país, geralmente gerida por órgãos públicos ou parceiros locais.

Nela, o Estado define as regras de segurança, privacidade e acesso aos dados, que ficam armazenados em território nacional sob jurisdição doméstica.

Por que os governos estão adotando esse modelo?

Diversos motivos levam governos a investir em nuvens soberanas:

  • Soberania e segurança nacional: manter dados críticos em casa evita a exposição a leis extraterritoriais; se informações governamentais estiverem em servidores de empresas dos EUA, o CLOUD Act pode forçar sua entrega a autoridades estrangeiras. Já em uma nuvem soberana, os dados do Estado ficam sob controle local, fortalecendo a segurança nacional.

  • Privacidade e conformidade: eegulamentações como a GDPR (Europa) e a LGPD (Brasil) exigem controle sobre informações pessoais. Hospedar dados em infraestrutura nacional facilita cumprir essas leis e mitigar riscos jurídicos e geopolíticos. A União Europeia lançou iniciativas como o Gaia-X para ter um ecossistema de nuvem federado sob valores europeus.
  • Menos dependência de big techs: países como a Índia falam em evitar um novo “colonialismo digital” causado pela dominação de gigantes estrangeiros. Desenvolver nuvens locais fortalece a indústria local, além de prevenir vendor lock-in – quando se fica preso a um único fornecedor.

Tendências internacionais: saiba mais sobre as iniciativas da Europa e da Índia

O projeto europeu Gaia-X nasceu para reduzir a dependência das big techs e garantir que os dados europeus sejam tratados sob os valores e legislações locais, como o GDPR. Seu diferencial está em ser uma arquitetura federada, que não substitui os provedores existentes, mas estabelece padrões comuns de interoperabilidade, privacidade e segurança.

Os serviços que cumprem esses requisitos são listados em catálogos federados, dando transparência e confiança a governos e empresas. Com governança comunitária, que envolve órgãos públicos, empresas privadas e academia, o Gaia-X reforça a ideia de uma nuvem europeia baseada em padrões abertos, compliance verificável e valores de soberania digital.

Já na Índia, o programa MeghRaj foi criado como a nuvem governamental oficial para acelerar a digitalização do setor público. Ele oferece infraestrutura, plataformas e softwares como serviço para órgãos governamentais, permitindo padronizar o uso de nuvem, reduzir redundâncias e otimizar custos.

Seu grande diferencial é apoiar a entrega de serviços digitais de governo à população de forma mais rápida e eficiente, mantendo os dados dentro do território nacional sob a legislação indiana. Assim, o MeghRaj combina eficiência operacional com uma estratégia de soberania e localização de dados, pilares centrais para a autonomia digital do país.

O caso brasileiro: Nuvem de Governo

No Brasil, a Nuvem de Governo federal está em implantação como parte da estratégia de transformação digital do Estado. Sob coordenação do Ministério da Gestão e Inovação (MGI), a infraestrutura está sendo desenvolvida por empresas públicas de TI, garantindo uma plataforma 100% nacional em datacenters públicos.  

Com isso, dados de serviços e políticas públicas passam a ser guardados sob gestão do próprio Estado, dando mais autonomia e segurança ao país. A própria ministra Esther Dweck destacou que a iniciativa “fortalece a proteção contra ameaças cibernéticas e assegura que informações sensíveis permaneçam sob controle nacional”.

Uma característica do modelo brasileiro é a colaboração com grandes fornecedores, porém nos termos do governo. O modelo brasileiro inclusive aproveita tecnologias de AWS, Oracle, Google e Huawei instaladas dentro dos datacenters públicos, combinando soluções de classe mundial com operação sob controle local.

Essa parceria público-privada visa garantir o melhor de dois mundos: inovação e, ao mesmo tempo, pleno controle governamental do ambiente.

Em resumo: por que adotar uma nuvem nacional?

  1. Soberania e controle dos dados
    Uma nuvem soberana garante que informações estratégicas do Estado sejam armazenadas e processadas sob sua própria jurisdição, reduzindo a exposição a legislações extraterritoriais e fortalecendo a autonomia nacional.

  1. Conformidade regulatória e proteção de privacidade
    Ao manter os dados dentro do território e sob normas locais, governos conseguem atender com mais facilidade a legislações como LGPD e GDPR, além de aumentar a confiança da população no tratamento das informações públicas.
  1. Eficiência e integração
    A centralização em uma nuvem nacional reduz redundâncias entre órgãos, permite compartilhamento estruturado de informações e melhora a interoperabilidade de sistemas, promovendo serviços mais ágeis e consistentes.
  1. Resiliência e continuidade de serviços
    Com infraestrutura própria e controlada, o Estado fica menos dependente de provedores estrangeiros e mais preparado para responder a incidentes ou crises globais que possam afetar a operação de serviços críticos.

Identidade digital, interoperabilidade e gestão de dados

Há uma forte conexão entre nuvem soberana e outros pilares do governo digital, como identidade digital e interoperabilidade. Uma identidade digital unificada permite autenticar cidadãos com segurança, enquanto a nuvem soberana garante que os sistemas rodem em um ambiente confiável sob controle do Estado.

No Brasil, a nova Carteira de Identidade Nacional (CIN) e a Nuvem de Governo são tratadas como iniciativas gêmeas para reforçar a segurança e a proteção de dados públicos. Além disso, ao hospedar múltiplos sistemas na mesma infraestrutura, a nuvem soberana facilita a interoperabilidade entre órgãos, permitindo compartilhamento de informações e serviços integrados ao cidadão.

Mais do que um recurso tecnológico, essa combinação cria a base para um ecossistema de confiança: cidadãos com identidades verificáveis, dados governamentais armazenados de forma segura e órgãos públicos integrados em uma mesma arquitetura digital.

É esse alinhamento que transforma a nuvem soberana em um pilar estratégico da soberania digital, capaz de sustentar políticas públicas mais ágeis, inclusivas e transparentes.

Valid impulsiona a interoperabilidade de dados no serviço público brasileiro

A expansão das nuvens nacionais e soberanas reflete a necessidade de uma nova abordagem para a infraestrutura digital pública. Garantir a soberania digital tornou-se tão importante quanto proteger fronteiras físicas. Países que abraçam essa ideia tendem a ganhar mais independência tecnológica, segurança de dados e inovação, sem abrir mão da autonomia.

Essa jornada exige parcerias; empresas como a Valid, especializadas em identidade digital, interoperabilidade e segurança, podem ajudar a construir essa infraestrutura soberana com segurança e eficiência, permitindo que o governo mantenha controle dos seus dados e a tecnologia seja usada para fortalecer a sociedade.

Entre em contato para saber como podemos te ajudar nesta missão.  

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