Pouco mais de um ano atrás, o congresso norte-americano barrou a decisão da neutralidade da rede do FCC, uma decisão que tornava ilegal para os provedores de Internet e dispositivos móveis cobrar mais por acesso a determinados sites ou plataformas. Embora o congresso esteja reunindo forças para outra luta, desta vez para reinstituir a neutralidade da rede, um especialista nos conta que isso talvez não seja mais necessário.

por Kristina Knight

Entrevista:

Kristina: Os democratas norte-americanos estão tentando novamente aprovar a neutralidade da rede, o que daria poder ao FCC (Comissão Federal de Telecomunicações) de policiar como os provedores de banda larga oferecem acesso aos consumidores. O que você acha disso?

Rolando Hernandez, VP, Valid: Algumas pessoas dizem que o governo precisa policiar como os provedores de banda larga oferecem acesso à Internet para garantir um cenário igualitário e impedir que as startups fiquem para trás. Outros dizem que a regulamentação prejudicará inovações futuras. Independentemente da política envolvida na questão, o surgimento do 5G torna o problema da neutralidade irrelevante porque a tecnologia já elimina vantagens injustas para os provedores e ainda permite que eles ampliem os limites da tecnologia. O FCC deveria concentrar seus esforços no “5G Fast Plan” para ampliar a adoção da rede mais rapidamente.

Kristina: O fim da neutralidade da rede aconteceu 18 meses atrás nos EUA. Que mudanças você viu no espaço digital desde que isso aconteceu?

Rolando: É impossível contar o número de inovações digitais que emergiram no último ano e meio, mas as principais inovações que afetaram a neutralidade da rede são as soluções de IoT e tecnologia 5G.

A IoT e o 5G transformarão nossa conexão com a Internet e uns com os outros. Estamos vendo muitos dispositivos conectados sendo usados na área de saúde, varejo, manufatura, automotivo e alimentos e bebidas. Através desses dispositivos, as empresas conseguem mais envolvimento dos clientes pelos aplicativos móveis. Os consumidores hoje podem acessar as leitoras do painel do carro pelo telefone, como quilometragem, nível de combustível e informações de manutenção. Essas inovações são uma oportunidade para as empresas criarem relações mais fortes com os clientes e melhorarem a qualidade de seus serviços. No entanto, essas novas soluções dependem de uma conexão mais forte com a Internet. Com a tecnologia 5G, mais pessoas têm acesso à Internet de alta velocidade e podem aproveitar os benefícios dos diversos dispositivos de IoT oferecidos no mercado.

Com o fim da neutralidade da rede, os provedores de serviços agora têm o poder de decidir quem passa por sua infraestrutura e de determinar o preço para isso, além de poder bloquear o acesso do usuário a determinados serviços e de terceiros às suas redes. Pequenas empresas ou startups interessadas em oferecer serviços de IoT podem ser afetadas diretamente pelos provedores grandes que controlam a comunicação com o usuário final.

Kristina: Qual é a relação entre 5G e a neutralidade?

Rolando: O objetivo final da neutralidade da rede é criar oportunidades iguais de acesso a todo o conteúdo na Internet. Conforme o alcance do 5G aumenta, não só todo mundo no país terá acesso à Internet de alta velocidade, como também haverá velocidade e banda para acomodar todos os provedores de conteúdo. Isso impede que os provedores de banda larga consigam controlar quanto tempo leva para determinados sites abrirem, restaurando a liberdade do uso da Internet.

Kristina: O FCC anunciou um “5G Fast Plan” que aceleraria a difusão do 5G pelos EUA. Por que isso é importante?

Rolando: A adoção do 5G tem sido lenta nos EUA em comparação com outras partes do mundo, muito por conta das preocupações com a segurança da rede. Alguns dos maiores provedores de Internet acabaram de começar a lançar os primeiros produtos 5G ou já têm planos para fazer isso ainda este ano. Até o momento, esta tecnologia está direcionada para o consumidor, mas muitas empresas estão ansiosas para aproveitar o 5G para acelerar seus processos digitais.

Mas não são só os líderes empresariais que estão vendo o valor de investir no 5G. Com o recém-anunciado “5G Fast Plan”, o FCC pretende acelerar a expansão do acesso ao 5G pelos EUA. Como parte da iniciativa, a agência trabalhará para liberar o espectro, facilitar para os governos implementarem infraestruturas wireless e incentivar a implementação da fibra óptica. O FCC também está alocando um fundo para expandir o acesso à Internet de alta velocidade em áreas rurais e oferecer conectividade com 5G wireless.

Kristina: Qual é a importância do 5G para as empresas e consumidores nos EUA?

Rolando: Esta jogada não só é importante para os EUA se manterem no páreo com a concorrência global nos serviços 5G, como também tem o potencial de oferecer crescimento econômico. De acordo com o American Consumer Institute, as redes 5G estão projetadas para trazer US$ 533 bilhões em PIB para os EUA e mais US$ 1,2 trilhão em benefícios ao consumidor. Ao ampliar o alcance do 5G, ele permite que empresas e consumidores de todas as comunidades tenham acesso igual à Internet. Hoje, isso é mais importante do que nunca pois as soluções digitais já dominam as empresas e o dia a dia das pessoas. Os hospitais usam dispositivos conectados para oferecer serviços de saúde melhores, serviços de smart cities tornam os bairros mais seguros e limpos e os fabricantes aproveitam para entregar produtos mais rapidamente. Empresas, governos e o consumidor médio, todos têm muito a ganhar com uma rede 5G acessível para conectar todo o país.

BizReport

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