Como a biometria transformará os processos nos aeroportos
14 de maio de 2020
Kevin Freiburger
A experiência do cliente nos aeroportos não costuma ser muito eficiente, pelo menos não em épocas de grande movimento, quando é comum os viajantes passarem mais de uma hora na Segurança.
Acaba sendo um estresse procurar documentos, esperar na fila da bagagem e remover peças de roupa e itens para passar na Segurança. Isso sem falar nos incidentes que podem ocorrer, como esquecer um documento ou perder um cartão de embarque a caminho do aeroporto.
Mas, o lado bom de uma fila grande é que ganhamos tempo para sonhar com o futuro dos aeroportos, com filas menores para embarque e segurança e sem papelada. E, graças à biometria, esse futuro não está muito longe. Inclusive, alguns aeroportos, como o Aeroporto Internacional de Hartsfield-Jackson, em Atlanta, já implementaram a biometria por completo em seus terminais. Isso inclui processos de verificação biométrica que permitem que os viajantes passem pela Segurança (e, e alguns lugares, entrem em lounges e dentro dos aviões) simplesmente olhando para uma câmera.
Tecnologia melhor, filas menores e uma experiência mais tranquila para o cliente
Embora os programas de ID digital ainda sejam pequenos em tamanho, veremos programas maiores serem lançados nos próximos anos. Já em 2018, 77% dos aeroportos informavam que estavam planejando grandes programas ou iniciativas de pesquisa e desenvolvimento em gestão de segurança biométrica ao longo dos cinco anos seguintes.
A biometria acabará sendo integrada desde a entrada do aeroporto até o assento do avião, tornando a experiência de voar muito mais tranquila, sem a necessidade de documentos físicos. As impressões digitais e o reconhecimento facial servem para tudo, desde a verificação de bagagem até a compra de drinks no lounge sem a necessidade de um documento de identidade. Conforme o uso dessa tecnologia se amplia, os clientes conseguirão uma experiência mais simples e prazerosa no aeroporto. No entanto, se os benefícios desses programas são tão claros e a tecnologia necessária já existe, por que ainda não é assim?
Barreiras para a implementação de programas de ID digital
Os maiores empecilhos para a adoção de uma gestão de identificação biométrica têm relação com as preocupações de cybersegurança e privacidade, que têm a ver com a falta de compreensão da tecnologia e seus casos de uso, além do conhecimento público de que a China utiliza esses dados como forma de vigilância.
No entanto, os sistemas nos EUA operam de forma diferente, e governos e prestadores de serviços precisam promover transparência e educação a respeito de como esses sistemas são construídos e usados. Compreender melhor como os aeroportos utilizariam a biometria e como as organizações, como os DMVs de alguns estados, já estão usando a tecnologia pode ajudar a aplacar esses medos.
Veja abaixo os três principais aspectos que os cidadãos devem conhecer sobre a biometria:
- Seus dados pessoais estão protegidos. Quando cidadãos do ocidente ouvem falar de coleta de dados pessoais, costumam pensar na vigilância da China e temer que o mesmo aconteça aqui. No entanto, os EUA continuam comprometidos com a separação entre os espaços público e privado e isso engloba também os sistemas biométricos nos aeroportos. No começo de cada dia, o sistema biométrico insere fotos autenticadas e verificadas e cria dados de correspondência biométrica para comparação com os viajantes que estão de passagem pelo aeroporto naquele dia. Depois, as empresas privadas que implementam a tecnologia comparam os dados biométricos com as fotos capturadas dos viajantes e descartam os dados ao final do dia.
Esses sistemas também segmentam o armazenamento de dados biométricos da pessoa a partir de outras informações de identificação pessoal (PII) dos viajantes. Isso reduz o impacto de uma violação de cybersegurança de criminosos internos ou externos, pois os dados biométricos sem nomes, sobrenomes e outras PIIs não têm valor para os criminosos. Como as fotos e as informações de identificação são armazenadas em sistemas separados, o mecanismo precisa fazer a combinação desses dados com uma chave que designe uma separação clara.
- Os sistemas se tornarão mais acessíveis. Atualmente, a maioria dos sistemas biométricos escolhe uma de várias biometrias, normalmente reconhecimento facial ou impressão digital. No entanto, para um usuário com alguma anomalia genética ou que tenha sofrido um acidente e por isso tenha um rosto não reconhecível por esses mecanismos ou alguém com problemas na impressão digital, esse sistema pode ser inacessível e impreciso. No futuro, começaremos a ver mais aplicações multimodais dando aos usuários a opção de oferecer a impressão digital, a íris, o rosto e outras modalidades biométricas.
Mas, até que os fornecedores e usuários adotem um mindset mais inclusivo, esses programas nos aeroportos continuarão sendo opcionais. Além disso, os consumidores precisam de mais tempo para aprender sobre a biometria e se tranquilizar a respeito da tecnologia, e os fornecedores precisam criar programas educativos melhores para seus produtos. Sem isso, a biometria não será o padrão nos aeroportos.
- Seus dados biométricos já existem e já estão sendo usados. Aqueles que acreditam que os dados biométricos são um conceito novo estão enganados. Os usuários com uma foto de perfil no LinkedIn, Twitter ou fotos nas redes sociais já estão divulgando seus rostos para o uso potencial em sistemas de correspondência biométrica. Basta um criminoso baixar essa foto e criar dados biométricos com ela.
Além disso, o Departamento de Veículos Motorizados de alguns estados nos EUA usam dados biométricos para segurança na tentativa de combater roubo de identidade. Quando o DMV tira uma foto para uma habilitação, eles a armazenam usando modelos de correspondência biométrica. Se alguém entrar no DMV e tentar obter uma habilitação com um nome de outra pessoa, o sistema conseguirá ver que o rosto não corresponde, ou seja, a tecnologia protege os dados pessoais.
Mas as conversas sobre a biometria estão só começando e ainda precisam avançar muito antes de essa tecnologia ser implementada por completo. Para incentivar a adoção da biometria, os fornecedores precisam priorizar a transparência e a educação. Já o governo precisa ter um papel mais ativo na criação de espaços públicos de discussão sobre as políticas e regulamentações necessárias.
Várias organizações, cidades e estados já criaram políticas sobre casos de uso reconhecimento facial e outros dados biométricos, e isso precisa alcançar o nível federal também. Só depois que o público tiver certeza de que seus dados não podem ser vendidos ou usados de forma injusta poderemos chegar mais perto de uma rotina mais tranquila nos aeroportos.
Leia o original aqui. (Somente em inglês)
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